Neste dia 15 de outubro, convidamos um professor recém licenciado para construir uma reflexão acerca da vida docente, analisando suas perspectivas para a profissão. O Professor Victor aceitou nosso convite.
Professores? Antes, agora e no futuro.
Victor Gonçalves Kffuri de Oliveira*
Quando nascemos, estamos desprovidos de conhecimentos práticos e teóricos. Não apresentamos noções de língua, saberes referentes à objetos e aos meios de vida. Nem mesmo porque o cordão umbilical é cortado sabemos, quiçá o que ele significa. Pode–se falar que saímos da caverna platônica e nos colocamos como espectadores do mundo.
Para que este processo ocorra bem, precisamos ser informados sobre os acontecimentos e valores, dentre isso, saber uma língua é a chave principal, uma vez que aprendemos, em grande parte por intermédio dela. Embora seja importante ressaltar que os aspectos sensoriais e geométricos também são de grande valia, principalmente nos primeiros anos de vida, sendo parte integrante da conectividade entre o indivíduo e o meio onde ele está inserido.
Então, nossos informantes serão os pais, primeiramente, com uma alta carga educacional nos primeiros anos de vida, e de grande impacto, principalmente se constarem a realização de práticas estimulantes aos filhos, como a abordagem e criação de histórias, jogos e atividades de animação, os professores, que possuem o importante papel de guiar os alunos perante os saberes necessários para uma boa condução e qualidade do convívio em os outros indivíduos e, por fim, a própria sociedade, que tem como papel ensinar, por meio do convívio diário entre pessoas as práticas aceitas em determinadas nações.
Tomando como base a atuação do professor e considerando sua participação na sociedade como atividade de destaque (formadora de todas as atuações por propiciar as condições básicas de entendimento das necessidades colocadas como fundamento), seria interessante vislumbrarmos uma perspectiva do professor como aquele que possui principal relevância para o prosseguimento e a prosperidade dos povos. Então é necessário acreditar ser o docente merecedor de boas condições de trabalho, principalmente no que se refere ao tempo de atuação, as atualizações de conteúdos e à ambientes condicionados e prósperos para a atuação.
Por experiência prática, afirmo serem estas condições o diferencial para uma aprendizagem de qualidade e vindoura, uma vez que a disponibilidade de recursos, como, por exemplo computadores e espaços externos à sala de aula (pátios, biblioteca, laboratórios) contribui para o desenvolvimento, interesse e disponibilidade em aprender dos discentes. Atividades como as em grupo, fator explorado por mim durante a realização de estágio, principalmente onde os estudantes possam escolher seus colegas, ter liberdade na confecção do trabalho e as realizarem fora do ambiente escolar (em casa, em um parque, na casa dos avós, etc.) também possuem papel significativo na construção do conhecimento.
Além do mais, na perspectiva do século XXI, uma formação docente pautada na função do professor como mediador me parece adequada, uma vez que propiciará aos discentes ações de autonomia crítica, atitudes de caráter relacional e cooperativas, exemplo que já pode ser visto no Japão, conforme publicação da BBC, onde os estudantes devem preparar a comida em algumas atividades (aprender métodos de subsistência) ou cooperar em atividades de esporte (aprendizado de assistência), e na Finlândia, segundo dados extraídos de pesquisas em publicações da BBC, Revista Educação e Exame, onde os professores possuem uma carga horária reduzida e os estudantes tem menos aulas e avaliações, contando mais práticas externas, além de possuírem a opção de, em estágios avançados, escolherem o que desejam estudar, de acordo com suas inclinações.
É fundamental sabermos, nós, os profissionais da docência o quanto nosso papel é necessário e como devemos nos posicionar para que mudanças ocorram. Só a afirmação não mudará o caminho, é necessário treinar, ensinar, aprender e incentivar as pessoas sobre as qualidades do conhecimento. E é preciso compreendermos o quanto estamos ligados à essas perspectivas. Meu desejo, é que consigamos, com muita dedicação e empenho melhorarmos nossos anseios educacionais, se fortalecendo por meio do embasamento em referências como as apresentadas no país oriental e no escandinavo citados acima.
Portanto, retiramos a conclusão que o professor deve ser respeitado, por ser a base da formação da sociedade, e, principalmente por ser humano. Os direitos humanos precisam ser assegurados, para que a condução do aprendizado se faça presente da melhor maneira, onde pais e educadores formarão uma corrente que conduzirá o discente ao melhor aproveitamento do processo educativo. Com isso, nossos bebês terão a garantia de um bom futuro, nossos jovens serão assistidos como devem ser (ainda mais num período de tantas modificações), os adultos, terão uma boa base e os idosos nos fornecerão a hospitalidade de suas sabedorias. É claro que as últimas linhas representam um mundo ideal, ainda. Mas nós sempre estaremos medindo esforços e somando forças para que, uma parte significativa dessa ideia se torne realidade!
Por fim, apresento uma citação que significa muito para mim. Escrita por Sir Alex Ferguson e Sir Michael Moritz no livro “Liderança”, ela exemplifica o objetivo do professor e relaciona a atuação docente com a prática esportiva. Algumas das atividades fundamentais para uma boa qualidade de vida.
“Levou um tempo para que eu me acostumasse com o fato de estar diante de um quadro-negro, e não no banco de um campo de futebol, mas aos poucos fui me dando conta que há algumas semelhanças entre lecionar e treinar jogadores. Talvez o elemento mais importante das duas atividades seja inspirar um grupo de pessoas a dar o melhor de si (FERGUSON, MORITZ, 2016, p. 13) ”.
Referências:
FERGUSON, Alex; MORITZ, Michael. Liderança. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2016, p. 13.
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: filosofia pagã antiga, v. 1. São Paulo: Paulus, 2003, p. 163.
https://www.revistaeducacao.com.br/como-e-educacao-na-finlandia/ (Acesso em 14/10/2019).
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-45489669 (Acesso em 14/10/2019).
https://exame.abril.com.br/revista-exame/o-valor-da-educacao/ (Acesso em 14/10/2019).
https://g1.globo.com/educacao/noticia/2018/10/15/licoes-do-japao-ao-brasil-incluem-professores-valorizados-pais-voluntarios-e-alunos-faxineiros.ghtml (Acesso em 14/10/2019).
Dica de vídeo:
https://globoplay.globo.com/v/7218622/ (Acesso em 14/10/2019).
*Licenciado em Filosofia pela PUCPR (2019), cursa Licenciatura em Educação Física na mesma instituição. Possui experiência de 2 anos de estágio (observação e intervenção na docência). Tem como campo principal na Filosofia estudos sobre ética e política no período antigo. Também é estudioso de Futebol, tendo 16 cursos na área, além de participação em seminários, congresso e observações na prática.
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